Passado mais de um ano de pandemia e mais de um semestre de vacinação, os estudos sobre a Covid-19 continuam e ainda há muito que se aprender sobre a doença e suas sequelas. Termos como “Síndrome pós-Covid”, “Covid-19 pós-aguda” ou “Covid-19 crônica” começaram a surgir nos noticiários mundiais, despertando o interesse da comunidade médica e a preocupação da população sobre o tema. A maioria das pessoas recuperadas da Covid apresentaram leves sequelas ou mesmo nenhum sintoma consequente. No entanto, ainda não sabemos quais serão os efeitos da pandemia a longo prazo.
Um estudo observacional envolvendo 38 hospitais em Michigan, Estados Unidos, avaliou os resultados de 1.250 pacientes que receberam alta hospitalar, com base em dados do prontuário médico e entrevista por telefone após 60 dias da alta. Quais foram os sistemas mais afetados entre os pacientes avaliados? Como lidar com as sequelas e sintomas pós-Covid?
Respiratório: a persistente dificuldade ou desconforto ao respirar, com redução da capacidade pulmonar, bem como apresentação semelhante à doença pulmonar restritiva pode ser bem comum. Esses casos precisam de acompanhamento médico com exames como tomografia de tórax e testes ergométricos.
Hematológico: Alguns pacientes apresentaram hiperinflamação e hipercoagulação, e outros tiveram eventos tromboembólicos. Em cada caso, a avaliação individual do paciente permitirá ao médico estabelecer a conduta adequada, como por exemplo a profilaxia estendida por mais tempo.
Cardiológico: Os sintomas mais relatados foram dispneia e dor torácica. Além disso, estudos já comprovaram o aumento da demanda metabólica desses pacientes e a presença de cicatrizes no miocárdio, que elevam o risco de arritmias. Pacientes com esses sintomas devem ser avaliados rotineiramente por um cardiologista, incluindo exames preventivos como ecocardiografia e eletrocardiografia.
Neurológico: Os sintomas mais comuns notados no estudo foram fadiga, dor muscular por tensão, dor intensa de cabeça, perda do olfato, disfunção cognitiva e problemas de memória. Até 40% dos pacientes desenvolvem transtorno de ansiedade e/ou depressão após recuperação. O acompanhamento neuropsiquiátrico é altamente recomendado nesses casos, além do apoio de amigos e familiares.
Dermatológico: Mais de 20% dos pacientes relataram perda significativa de cabelo após a alta. Também foram relatadas outras alterações cutâneas como reações do tipo urticária. O dermatologista é quem faz o acompanhamento de tais pacientes, com o objetivo de avaliar e tratar as lesões e alterações.
Como visto, a Covid-19 é considerada uma doença aguda, grave e com padrão de sequelas crônicas que precisam de acompanhamento médico especializado durante semanas ou meses após a alta. A estratégia multidisciplinar, incluindo diversos profissionais, contribuirá para a reabilitação do paciente, fazendo com que o mesmo retorne às atividades habituais mais rapidamente.